quinta-feira, setembro 16, 2010

O nono oleoduto

Texto publicado por Debora Billi em 14 de setembro, no blog italiano Petrolio, uno sguardo dal picco. Traduzido por Ânimo Solar.



Esse que vocês veem no vídeo é apenas o último caso: a explosão de um gasoduto em São Francisco (no vídeo, feito poucos instantes depois do ocorrido, ainda se pensava que se tratasse de um desastre aéreo). Destruiu uma quadra inteira e matou quatro pessoas. Mas não foi o único evento do tipo neste verão [hemisfério norte] de desastres petrolíferos. Talvez vocês tenham ouvido falar do oleoduto da Enbridge, nos subúrbios de Chicago, cujo rompimento causou até um momentâneo aumento do preço do barril, e daquele do sul de Michigan que vazava em julho. As últimas notícias nos dizem que a situação é qualquer coisa menos que resolvida, e que a companhia hoje teve que fechar um terceiro oleoduto com vazamento próximo de Nova York.

Em agosto, um oleoduto da British Petroleum foi fechado devido a um vazamento no estado de Indiana, em julho um gasoduto explodiu no Texas, em junho outro oleoduto versou toneladas de petróleo em um rio de Utah, e também em junho um gasoduto explodiu em Oklahoma. Mas não acontece apenas no EUA: o desastre do oleoduto chinês em julho foi o pior da história do país. E já falamos várias vezes dos tubos enferrujados do Alasca, que colocam continuamente em risco o ambiente, e das condições ainda piores das instalações da Nigéria, que continuam provocando mortes devido à poluição.

O que acontece? A rica indústria petrolífera não consegue manter as próprias estruturas decadentes e a risco? Nos Estados Unidos ainda existem gasodutos de madeira, na Pensilvânia! Talvez sejam da Belle Epoque, quem sabe. De fato, se investe apenas nos novos percursos, que unem inteiros países abrindo novos mercados (e frenquentemente provocando guerras reais ou diplomáticas), enquanto se negligencia as velhas linhas internas sobre as quais não existe nenhum retorno econômico. Aos olhos do meio ambiente destruído e das pessoas que morrem.

terça-feira, setembro 07, 2010

Luz como forma de arte

Além de serem uma maneira economica e ecologicamente vantojosa de iluminar áreas internas e externas, os LEDs são ferramentas indispensáveis no uso criativo da luz. Por sua durabilidade, qualidade e eficiência energética, as lâmpadas de diodo já tem significativa participação em campos que vão desde a decoração interna, iluminação de exteriores e até de verdadeiras obras de arte.

Os LEDs oferecem a possibilidade de valorização do patrimônio artístico, histórico e paisagístico com grande economia. Os interventos com esse tipo de lâmpada proporcionam mínimo impacto ambiental, devido à sua elevada eficiência energética e à natureza de sua tecnologia, que permite iluminar áreas restritas, sem dispersão de luz.

Abaixo alguns exemplos da utilização dessa nova tecnologia na província de Milão, Itália.

Entre dezembro de 2009 e janeiro deste ano, o município de Milão promoveu o Led Light Exhibition Design, uma manifestação artística que incluiu concurso de projetos em iluminação, mostra de enfeites natalinos, arte contemporânea, objetos decorativos, projetos em áreas verdes, iluminação especial em prédios históricos e monumentos. Em alguns casos, pontos tradicionais da cidade foram palco para verdadeiros shows de luz, como o Teatro alla Scala, o Castelo Sforzesco e a Galeria Vittorio Emanuele.






Também em Milão, o artista Antonio Barrese expôs uma instalação cinética chamada Árvore de Luz. Uma estrutura de 30 metros de altura e uma base de 20 metros de diâmetro formada por cabos iluminados por 20 mil LEDs que giram e mudam de cor, formando um imenso cone de luz.



Fotos: Veridiana Dalla Vecchia

sábado, agosto 28, 2010

Economia de energia e alta qualidade: os LEDs podem representar o futuro da iluminação

O uso de lâmpadas fluorescentes vem sendo incentivado no Brasil como forma de economizar energia, emitir menos CO2 e gastar pouco com as contas no final do mês. Mas será mesmo que esta é a melhor escolha?

Em parte essas afirmações são verdadeiras, se compararmos as lâmpadas fluorescentes com as incandescentes. Porém, já há alguns anos uma nova tecnologia vem abrindo mercado e se mostrando muito mais eficiente – ecologica e economicamente. Os LEDs (Light Emiting Diode) oferecem economia energética, mais tempo na vida útil das lâmpadas, alta qualidade luminosa, baixa emissão de CO2 e a ausência de substâncias poluentes.

Formados por diodos de materiais semicondutores, esse tipo de lâmpada emite luz ao ser atravessada por uma corrente elétrica e podem produzir luz de diversas cores – branca, vermelha, laranja, ciano e azul – que misturadas permitem criar uma infinidade de possibilidades dependendo do tipo de semicondutor usado. Segundo Michele di Cesare, proprietário do estúdio de consultoria em iluminação Prolight, de Roma, existem hoje mais de 2 mil tipos de LEDs, que podem ser utilizados para as mais variadas funções. Ele defende que os LEDs podem sanar de forma eficiente qualquer tipo de demanda em iluminação e que, além disso, é uma tecnologia em contínua evolução.

Atualmente, o principal problema para a inserção das lâmpadas LED no mercado brasileiro é seu custo. O preço das LEDs é ainda muito mais elevado se comparado às incandescentes e às fluorescentes. Mesmo que este investimento inicial seja amplamente superado ao longo do tempo devido à economia de energia e à longa duração das lâmpadas, o consumidor ainda resiste em gastar mais, ainda que por um produto melhor.

Quando se fala em lâmpada ecologicamente correta deve-se levar em conta, além do baixo consumo, o seu descarte na natureza. É verdade que as lâmpadas fluorescentes consomem muito menos que as incandescentes, porém as fluorescentes contém mercúrio, substância tóxica que provoca sérios danos à saúde humana, dos animais e do meio ambiente. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) classifica esse tipo de lâmpada como “Resíduo Perigoso” pois, quando quebrada, libera vapor de mercúrio.

A destinação mais apropriada para esse tipo de lâmpada é a reciclagem, mas que, no entanto, é um processo custoso. O preço cobrado pela reciclagem de cada lâmpada fluorescente pode variar de R$ 0,50 a R$ 0,70, segundo dados recolhidos em 2008 pela Procuradoria Geral da República em proposta para implementação de descarte das lâmpadas com vapor de mercúrio da sede da PGR. No Brasil, hoje, estima-se que 94% das fluorescentes sejam descartadas em aterros sanitários sem nenhum tipo de tratamento. Os LEDs podem ser uma alternativa de substituição das lâmpadas incandescentes com maior economia de energia e sem o problema de descarte, já que não possuem materiais tóxicos em sua composição.

Alguns críticos dos LEDs diziam que a quantidade de energia utilizada para fabricar os LEDs anularia sua vantagem ecológica. Porém, o estudo "Avaliação do Ciclo de Vida de Iluminação", publicado ano passado pela fabricante alemã de lâmpadas Osram (que produz os três tipos de lâmpadas), mostrou que a energia consumida durante a produção de uma lâmpada, seja ela LED, incandescente ou fluorescente corresponde a aproximadamente 2% da demanda total de energia de seu ciclo de vida. As lâmpadas LED provocam menor impacto ambiental do que lâmpadas incandescentes e fluorescentes mesmo quando a energia utilizada durante o processo de fabricação é levada em conta na equação. A avaliação incluiu todos os componentes e processos de produção das lâmpadas durante cinco fases: produção de matéria-prima, fabricação e montagem, transporte, utilização e fim da vida.

Por se tratar de uma nova tecnologia, ainda existem dúvidas no uso de LEDs em algumas áreas, como por exempo na iluminação pública, porém já se registram casos de emprego de LED com grandes vantagens. Os LED são ideais para ambientação e destaque de detalhes, pois permitem a iluminação decorativa de casa e jardim praticamente eliminando custos de energia e manutenção. Por emitir luz direcionada, oferecem excelentes resultados nos casos em que a área deve ser iluminada por lâmpadas do tipo spot. Hoje, as lâmpadas LED já possuem alto nível de eficiência e essa qualidade tende a aumentar ainda mais, ampliando seus usos e diminuíndo custos.

sexta-feira, julho 23, 2010

Mais de 1 milhão e 400 mil assinaturas pela água pública

Na Itália, uma campanha contra a privatização da água já recolheu 1,4 milhão de assinaturas. É o maior número de apoiadores já alcançados em uma consulta popular na história da república italiana. O organizadores pretendem conseguir um total de 25 milhões de assinaturas até o final de março do próximo ano, quando deverá ser realizado referendo oficial sobre o tema.



"1.401.492 assinaturas recolhidas. Aqui começa a aventura."

quarta-feira, julho 21, 2010

2010, o ano mais quente já registrado

A temperatura média global na terra e nos oceanos no primeiro semestre de 2010 foi a maior já registrada na história das medições climáticas, iniciadas em 1880, segundo o NOAA's – National Climatic Data Center.

sábado, julho 10, 2010

Energia limpa e barata no interior do Rio Grande do Sul

História da Creluz, Cooperativa de Energia e Desenvolvimento Rural do Médio Uruguai, que recebeu em Londres o prestigiado Prêmio Ashden para Energia Renovável. Matéria da BBC.

quarta-feira, junho 30, 2010

Descrescer para sobreviver

A Comissão Européia publicou em 17 de junho relatório mostrando o quanto a Europa caminha para a escassez de 14 matérias-primas essencias para seu desenvolvimento tecnológico. O documento cita várias medidas que devem ser tomadas para continuar a ter acesso a esses minerais. Em nenhum momento propõe ou sugere a possibilidade de reduzir os níveis de produção ou de mudanças econômicas profundas. Entende-se pelo texto que o crescimento não pode parar. Mas essas matérias-primais mais cedo ou mais tarde acabarão.



Antonio Tajani, vice-presidente da Comissão Européia e responsável pelo setor de Indústria e Empreendedorismo, afirmou que a lista dos minerais deverá inspirar iniciativas para fazer com que a indústria possa se refornecer das matérias-primas que necessita. “Precisamos de fair play dos mercados externos, de um válido quadro para assegurar uma extração sustentável na União Européia e de maior eficiência no uso dos recursos e na reciclagem.”

A Europa pede fair play, o que provavelmente significa que vai querer acesso facilitado aos recursos naturais que não possui. Riquezas concentradas principalmente em países rivais em termos comerciais, como China, Rússia, Brasil e Índia, ou em lugares instáveis como a República Democrática do Congo e Ruanda. A lista dos minerais “em extinção” no velho continente inclui antimônio, berilho, cobalto, espatofluor, gálio, germânio, grafite, índio, magnésio, niobio, platinoides (PGM = Platinum Group Metals), terras raras (grupo de 17 elementos químicos), tantálio e tungstênio. Segundo as previsões, até 2030 a demanda de vários desses minerais poderia triplicar em relação a 2006.

Para solucionar o problema, o relatório prescreve medidas como interventos políticos para deixar mais eficaz a reciclagem, pesquisa para substituir algumas matérias-primas e aumento da eficiência dos materiais. Sempre visando à continuidade ou ao crescimento dos índices de produção. As medidas apresentadas no máximo deslocarão o problema para o futuro, talvez bastante próximo, mas não resolvem a questão, que é muito mais profunda, abrangente e urgente.

PIB versus qualidade de vida

Vários estudos apontam que seria preciso de três a seis planetas para proporcionar o modo de vida ocidental a todos os habitantes da Terra. Para o filósofo e economista francês Serge Latouche, apesar de a eficiência ecológica ter aumentado de maneira notável, a perpetuação do crescimento provoca uma degradação global. “As reduções de impactos e de poluição por unidade produzida são sistematicamente aniquiladas pela multiplicação do número de unidades vendidas e consumidas, fenômeno que se denominou efeito rebote”, diz o economista em O Decrescimento como Condição de um Sociedade Convivial. “Ter fé cega na ciência e no futuro para resolver os problemas do presente é contrário não só ao princípio da precaução, mas também simplesmente ao bom senso. No entanto, é o que fazemos com o nuclear, acumulando resíduos potencialmente perigosos para os séculos futuros sem perspectiva de solução.”

O economista e matemático romeno Nicholas Goergescu-Roegen afirma que a única forma de preservar e alongar ao máximo a sobrevivênca da espécie humana é uma mudança de comportamento de toda a sociedade, a começar pelos países ricos. Segundo ele, qualquer produção de bens materiais diminui a disponibilidade de energia no futuro e, portanto, de possibilidade de se produzir outras coisas materiais. Georgescu observa que não somente a energia se degrada, mas também a matéria (fato até hoje pouco observado pela economia ortodoxa). Uma vez dispersos no ambiente, os materiais antes concentrados no subsolo podem ser reutilizados no processo econômico somente em quantidades muito menores e com custos muito mais elevados. Sua teoria, conhecida como bioeconomia (ou economia ecologica), baseia-se na biologia e na física, em particular no segundo princípio da termodinâmica, que explica a irreversibilidade de certos processos físicos com o consequente aumento da entropia.

Vários teóricos defendem que a única forma de salvação da humanidade é o “descrecimento” (conceito criado a partir das teses de Georgescu, que datam da década de 1960), idéia oposta ao pensamento econômico ortodoxo que indica o crescimento economico e produtivo como forma incontestável de melhorar a qualidade de vida da sociedade.

Entre os principais defensores do decrescimento está Latouche. Segundo ele, o primeiro passo para uma mudança de paradigma é a desvinculação entre produção de bem-estar e Produto Interno Bruto (PIB). Neste sentido, já há alguns anos iniciativas vem sendo colocadas em prática, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq com a colaboração do indiano Amartya Sen (ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998). Funciona como um contraponto ao PIB per capita: o IDH mede, além do aspecto econômico, os níveis de educação e saúde dos países analisados. Hoje, é a medida mais usada para medir o desenvolvimento humano, apesar de ainda receber muitas críticas. Se diz que o IDH distorce alguns dados, pois uma pequena variação, por exemplo, no índice de alfabetização de adultos de um país desenvolvido pode fazer com que ele perca muitas posições na lista. Poucos colocam em dúvida, no entanto, que o índice seja extremamente útil para monitorar os progressos nos países mais pobres.

Amartya Sen faz parte, desde 2008, de uma comissão convocada pelo presidente francês Nicholas Sarkozy para estudar possíveis alternativas ao PIB. O grupo – formado por mais de 20 pessoas, entres ele o prêmio Nobel Joseph Stiglitz, o economista francês Jean-Paul Fitoussi e o presidente do Instituto Nacional de Estatística da Itália, Enrico Giovannini – pretende levar em conta os problemas ligados às mudanças climáticas e à sustentabilidade dos países. Segundo a comissão, medir a qualidade de vida de uma população requer parâmetros de pelo menos sete categorias: saúde, educação, ambiente, ocupação, bem-estar material, relações pessoais e participação política. Na avaliação da equipe, qualquer país que quiser realmente melhorar a vida de sua população deve investir seriamente e principalmente na distribuição igualitária da riqueza material e dos bens sociais, além de promover a sustentabilidade econômica e ambiental.

Publicado originalmente em Herodotos Report

domingo, junho 27, 2010

Carne Legal

O Brasil é o quarto maior emissor de gases de efeito estufa mundial devido à destruição de suas florestas. Uma das causas do desmatamento é expansão irregular da agricultura e da pecuária. Segundo o superintendente de Conservação de Programas Temáticos da WWF Brasil, Carlos Alberto Scaramuzza, em entrevista à revista IHU On-Line, "se tirássemos as emissões oriundas da expansão agrícola, nós seriamos o 18º emissor".

Para tentar conscientizar os brasileiros sobre as ilegalidades presentes na cadeia da pecuária, e também sobre a necessidade de os consumidores cobrarem informações a respeito da origem da carne que compram, o Ministério Público Federal vem divulgando a campanha Carne Legal.




segunda-feira, junho 21, 2010

A independência energética americana

O presidente Barack Obama diz que os Estados Unidos precisam inovar e serem independentes do petróleo de importação. Mas os últimos oito presidentes falaram o mesmo! Veja o vídeo (em inglês) do comediante Jon Stewart.

The Daily Show With Jon StewartMon - Thurs 11p / 10c
An Energy-Independent Future
www.thedailyshow.com
Daily Show Full EpisodesPolitical HumorTea Party

domingo, junho 13, 2010

Sociedade do Automóvel

Apresentação do documentário Sociedade do Automóvel (no blog Apocalipse Motorizado é possível fazer o download do vídeo completo):

11 milhões de pessoas, quase 6 milhões de automóveis; um acidente a cada 3 minutos; uma pessoa morta a cada 6 horas; 8 vítimas fatais da poluição por dia. No lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento; em vez de vozes, motores e buzinas.

Trabalhar para dirigir, dirigir para trabalhar: compre um carro, liberte-se do transporte público ruim. Aquilo que é público é de ninguém, ou daqueles que não podem pagar. Vidros escuros e fechados evitam o contato humano. Tédio, raiva angústia e solidão na cidade que não pode parar, mas não consegue sair do lugar.

Ano: 2005
Duração: 39′
Branca Nunes e Thiago Benicchio


La Società dei Automobili

11 milioni di persone, quasi 6 milioni di automobili; un'incidente ogni 3 minuti; una persona morta ogni 6 ore; 8 vittime dell'inquinamento ogni giorno. Al posto della piazza, i centri commerciali; al posto dei marciapiedi, le grande vie; al posto del parco, il parcheggio; invece di voci, motori e clacson.

Lavorare per guidare, guidare per lavorare: compri una macchina, liberati del trasporto pubblico precario. Quello pubblico non é di nessuno, oppure é di quelli che non possono pagare. Vetri scuri e chiusi evitano il contatto umano. Noia, rabbia, angoscia e solitudine in una città che non può fermarsi, ma non riesce a muoversi.

Branca Nunes e Thiago Benicchio

Questa è la presentazione del documentario brasiliano Sociedade do Automóvel (2005, 39 minuti) (sul sito si pò scaricarlo con sottotitoli in inglese o spagnolo).

segunda-feira, junho 07, 2010

Biodiversidade à mesa

As Nações Unidas declararam 2010 como Ano Internacional da Biodiversidade. O Brasil é o país que possui o maior número de espécies do mundo em seu território, abriga hoje de 10 a 20% de todos os registros científicos. A flora brasileira constitui 20% do que é atualmente conhecido. Quatro dos biomas mais ricos do planeta estão no Brasil: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Pantanal.

Mas com toda essa riqueza, grande parte da população brasileira não conhece seu habitat. Em Porto Alegre, a nutricionista Irany Arteche elaborou o projeto PANCs, para assentados do MST/RS, uma série de oficinas ministradas pelo botânico Valdely Kynupp sobre plantas com grande potencial alimentício e de comercialização, mas que costumam ser negligenciadas. O projeto é promovido pela Superintendência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Segue abaixo o vídeo (dividido em quatro partes) de divulgação do projeto. O material, elaborado pelo Coletivo Catarse, servirá como apoio pedagógico para cursos que tratem de alternativas para agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, diversificação agrícola, processamento de novos produtos e alimentos. Porque conhecer também é preservar.








segunda-feira, maio 24, 2010

"CO2 é green e não polui"

Uma organização americana sem fins lucrativos promove campanhas publicitárias para convencer a opinião pública de que as altas concentrações de dióxido de carbono não são prejudiciais ao planeta e às pessoas. Não, não é uma brincadeira!

"Nossa missão é educar o público para os efeitos positivos do CO2 na atmosfera e ajudar a prevenir o negativo impacto para a vida de humanos, plantas e animais se nós reduzirmos o CO2", diz o site Plants Need CO2.

O anúncio abaixo pede aos americanos que pressionem seus representantes no Congresso a não classificar o CO2 como poluição. Quem pagou pela propaganda? Isso o site não diz...

domingo, maio 23, 2010

Agrotóxico é problema de saúde pública

Por Igor Felippe Santos, da Página do MST

O Brasil bateu recorde no consumo de agrotóxicos no ano passado. Mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola. O país ocupa o primeiro lugar na lista de países consumidores desses produtos químicos.

Com a aplicação exagerada nas lavouras no Brasil, o uso de agrotóxicos está deixando de ser uma questão relacionada especificamente à produção agrícola e se transforma em um problema de saúde pública.

“Os impactos negativos são no trabalhador, que aplica diretamente, na sua família, que mora dentro das plantações de soja, na periferia da cidade, porque a pulverização é quase em cima das casas. Tem também o impacto no ambiente, com a contaminação por agrotóxicos das águas”, afirma o médico e professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Wanderlei Antonio Pignati, em entrevista exclusiva à Página do MST.

O pesquisador da Fiocruz, doutor em saúde e ambiente fez estudos sobre os impactos dos agrotóxicos no Mato Grosso, que demonstram que nas regiões com maior utilização de agrotóxicos é maior a incidência de problemas de saúde agudos e crônicos.

Por exemplo, intoxicações agudas e crônicas, má formação fetal de mulheres gestantes, neoplasia, distúrbios endócrinos, neurológicos, cardíacos, pulmonares e respiratórias, além de doenças subcrônicas, de tipo neurológico e psiquiátricos, como depressão.

Abaixo, leia a entrevista com o professor Wanderlei Antonio Pignati.

Em 2009, o Brasil utilizou mais de 1 bilhão de litros de agrotóxicos. Por que a cada safra cresce a quantidade de venenos jogados nas lavouras?

O consumo de agrotóxicos dobrou nos últimos 10 anos. Passamos a ser o maior consumidor mundial de agrotóxicos. No Mato Grosso, 105 milhões de litros de agrotóxicos foram usados na safra agrícola passada, com uma média de 10 litros por hectare de soja ou milho e 20 litros por hectare de algodão. Tem vários municípios que usaram até 7 milhões de litros em uma safra. Isso traz um impacto muito grande para a saúde e para o ambiente. A utilização tem aumentado porque a semente está dominada por seis ou sete indústrias no mundo todo, inclusive no Brasil. Essas sementes são selecionadas para que se utilize agrotóxicos e fertilizantes químicos. Isso para aumentar a produtividade e os lucros dessas empresas do agronegócio. Paralelamente, vem aumentando também o desmatamento, com a plantação de novas áreas, aumentando a demanda por agrotóxicos e fertilizantes químicos. No Mato Grosso, passou de 4 milhões para 10 milhões de hectares plantados na última safra. O desmatamento é a primeira etapa do agronegócio. Depois entra a indústria da madeira, a pecuária, a agricultura, o transporte e o armazenamento. Por fim, a verdadeira agroindústria, com a produção de óleos, de farelo e a usina de açúcar, álcool, curtumes, beneficiamento de algodão e os agrocombustíveis, que fazem parte do agronegócio. Isso vem se desenvolvendo muito, pela nossa dependência da exportação. Isso tudo fez com que aumentasse o consumo de agrotóxicos no Brasil.

Quanto mais avança o agronegócio, maior o consumo de agrotóxicos?

Sim. As sementes das grandes indústrias são dependentes de agrotóxicos e fertilizantes químicos. As indústrias não fazem sementes livres desses produtos. Não criam sementes resistentes a várias pragas, sem a necessidade de agrotóxicos. Não fazem isso, porque são produtores de sementes e agrotóxicos. Criam sementes dependentes de agrotóxicos. Com os transgênicos, a situação piora mais ainda. No caso da soja, a produção é resistente a um herbicida, o glifosato, conhecido como roundup, patenteado pela Monsanto. Aí o uso é duas ou três vezes maior de roundup na soja. Isso também aumenta o consumo de agrotóxicos.

Mas a CTNBio liberou diversas variedades de transgênicos, com o argumento de que se diminuiria a necessidade de agrotóxicos...

É só pegar o exemplo da soja transgênica, que não é resistente a praga nenhuma, para perceber como é mentira. Temos que desmascarar a nível nacional e internacional. A soja transgênica não é resistente a pragas, mas a um herbicida, o glifosato. Então, é ainda maior a utilização de agrotóxicos. Eles usam antes de plantar, depois usam de novo no primeiro, no segundo e no terceiro mês. Dessa forma, aumenta em três vezes o uso do herbicida na soja transgênica. Agora vem o milho transgênico, que também é resistente ao glifosato. Com isso, vai aumentar ainda mais o consumo de agrotóxicos. Em geral, os transgênicos resistentes a pragas ainda são minoria.

Quais os efeitos dos agrotóxicos para a saúde e para o ambiente?

Os impactos negativos são no trabalhador, que aplica diretamente, na sua família, que mora dentro das plantações de soja, na periferia da cidade, porque a pulverização é quase em cima das casas. Tem também o impacto no ambiente, com a contaminação por agrotóxicos das águas. Ficam resíduos dos agrotóxicos nos poços artesianos de água potável, nos córregos, nos rios, na água de chuva e no ar. Isso faz com que a população absorva esses agrotóxicos.

Quais as consequências?

São agravos na saúde agudos e crônicos. Intoxicações agudas e crônicas, má formação fetal de mulheres gestantes, neoplasia (que causa câncer), distúrbios endócrinos (na tiroide, suprarrenal e alguns mimetizam diabetes), distúrbios neurológicos, distúrbios respiratórias (vários são irritantes pulmonares). Nos lagos e lagoas, acontece a extinção de várias espécies de animais, como peixes, anfíbios e répteis, por conta das modificações do ambiente por essas substâncias químicas. Os agrotóxicos são levados pela chuva para os córregos e rios. Os sedimento ficam no fundo e servem de alimentos para peixes, répteis, anfíbios, causando impactos em toda a biota em cima da terra.

Como vocês comprovaram esses casos?

Para fazer a comprovação desses casos, é preciso comparar dados epidemiológicos de doenças de regiões que usam muito agrotóxico com outras que usam pouco. Por exemplo, nas três regiões do Mato Grosso onde mais se produz soja, milho e algodão há uma incidência três vezes maior de intoxicação aguda por agrotóxicos, comparando com outras 12 regiões que produzem menos e usam menos agrotóxicos. Analisando por regiões o sistema de notificação de intoxicação aguda da secretaria municipal, estadual e do Ministério da Saúde, percebemos que onde a produção é maior, há mais casos de intoxicação aguda, como diarréia, vômitos, desmaios, mortes, distúrbios cardíacos e pulmonares, além de doenças subcrônicas que aparecem um mês ou dois meses depois da exposição, de tipo neurológico e psiquiátricos, como depressão. Há agrotóxicos que causam irritação ocular e auditiva. Outros dão lesão neurológica, com hemiplegia, neurite da coluna neurológica cervical. Além disso, essas regiões que produzem mais soja, milho e algodão apresentam incidência duas vezes maior de câncer em crianças e adultos e malformação em recém nascidos do que nas outras regiões que produzem menos e usam menos agrotóxicos. Isso porque estão usando vários agrotóxicos que são cancerígenos e teratogênicos.

Qual o perigo para os consumidores de alimentos? Quais as iniciativas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?

A Anvisa está fazendo a revisão de 16 agrotóxicos, desde que lançou um edital em 2008. Quatorze deles são proibidos na União Europeia, nos Estados Unidos e Canadá por serem cancerígenos, teratogênicos, causam distúrbios neurológicos e endócrinos. Nessa revisão, já tem um resumo desses agrotóxicos, que são proibidos lá fora. Mas aqui são vendidos livremente, mesmo se sabendo desses efeitos crônicos. A Anvisa tem o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em alimentos, no qual faz a análise de 20 alimentos desde 2002. Nesses estudos, acharam resíduos nos alimentos, tanto de agrotóxicos não proibidos como acima do limite máximo permito. O endosulfan, por exemplo, é um inseticida clorado, que é cancerígeno e teratogênico, proibido há 20 anos na União Europeia, nos EUA e no Canadá. Não é proibido no Brasil, sendo muito usado na soja e milho. Esse limite máximo de resíduos é questionável, porque a sensibilidade é individual. Para uma pessoa, o limite máximo para desenvolver uma doença é 10 mg por dia e para outra basta 1 mg. Sem contar a contaminação na água, no ar, na chuva, porque devemos juntar todos esses fatores.

Como você avalia a legislação brasileira para os agrotóxicos e o trabalho da Anvisa?

A Anvisa vem fazendo um bom trabalho, com base na legislação. No entanto, todo dia os grandes burlam a lei. Não só a lei nacional sobre agrotóxicos, mas também o Código Florestal, as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (que obrigada a dar os equipamentos aos trabalhadores), as normas do Ministério da Agricultura (que impede a pulverização a menos de 250 metros da nascente de rios, córregos, lagoas e onde moram animais ou habitam pessoas). No Mato Grosso, passam todos os tipos de agrotóxicos de avião, não respeitando as normas.

Os fazendeiros dizem que, se usar corretamente os agrotóxicos, não há perigo.

Tem problema sim. Se o trabalhador ficar como um astronauta, usando todos os equipamentos de proteção individual necessário, pode não prejudicar a sua própria saúde, mas e o ambiente? Todo agrotóxicos é toxico, tanto da classe um como da classe quatro. Aonde vai o resíduo desse agrotóxico? Vai para a chuva, para os rios, para os córregos, para o ar e evapora e desce com a chuva. Não existe uso seguro e correto dos agrotóxicos para o ambiente. Temos que discutir que o uso de agrotóxicos é intencional. As ditas pragas da lavoura – que eu não chamo de pragas – seja um inseto, uma erva daninha ou um fungo, crescem no meio da plantação. Aí o fazendeiro polui o ambiente intencionalmente para tentar atingir essas pragas. Não tem como ele retirar especificamente as pragas, colocar em uma redoma e aplicar o agrotóxico. Ou seja, ele polui de maneira intencional o ambiente da plantação, o ambiente geral, o trabalhador e a produção. Uma parte dessa agrotóxicos fica nos alimentos.

As indústrias do agronegócio argumentam que é necessário o uso de grandes quantidades de agrotóxicos porque o Brasil é um país tropical, com grande diversidade climática. É verdade?

Não tem uma necessidade maior. Não é que o Brasil precise de mais por conta dessa questão climática. Nas monografias dos agrotóxicos, tem uma temperatura ideal para passar, em torno de 20º e 25º. Onde tem essa temperatura no Mato Grosso, por exemplo? Dá mais de 30 graus. Com isso, essas substâncias evaporam e usam ainda mais. Em vez de usar dois litros, colocam 2,5 litros por hectare. É um argumento falso. Tem que colocar agrotóxico porque a semente é dependente. Existem formas de fazer uma produção em grande escala sem a semente dependente de agrotóxicos e fertilizantes químicos. Há vários exemplos no mundo e no Brasil. Mas 99% de toda a nossa produção agrícola depende das sementes da indústrias, que não faz a seleção para não precisar de químicos.

Dentro desse quadro, qual é a tendência?

A tendência é aumentar a utilização de agrotóxicos. Por isso, é preciso uma política mais contundente do governo, dos movimentos de agroecologia e dos consumidores, que cada vez mais consomem agrotóxicos. É preciso discutir o modelo de produção agrícola que está ai. Com o milho transgênico, vai se utilizar mais glifosato. Há um clico de aumento dos agrotóxicos que não vai ter fim. Se analisar a resistência das pragas, há ervas daninhas resistentes ao glifosato. No primeiro momento, se aumenta a dose para vencer a praga. Em vez de cinco litros por hectare, usam sete litros. Num segundo momento se usa um herbicida ainda mais forte ou mais tóxico para combater a erva daninha resistente ao agrotóxico mais fraco. Isso não tem fim. Há grandes áreas de ervas daninhas resistentes nos Estados Unidos, na Argentina e está chegando no Brasil, no Rio Grande do Sul, no Paraná e no Mato Grosso. É um modelo insustentável.

sexta-feira, maio 21, 2010

Aviso aos administradores italianos sobre o crash do petróleo

Com o objetivo de alertar os entes públicos italianos para a alta possibilidade de um crash petrolífico, a sessão italiana da Aspo (Association for the Study of Peak Oil) enviou, no início deste mês, uma carta aberta aos administradores municipais e regionais informando sobre a ligação entre a crise econômica e a disponibilidade de petróleo hoje no mundo.

Obviamente, não é um assunto de interesse apenas da Itália. Conforme a Aspo, se não revisarmos urgentemente nosso modelo de desenvolvimento, baseado em um crescimento material infinito, não evitaremos o colapso.

Segue um resumo da carta traduzido para o português (aqui a versão integral, em italiano):

"A disponibilidade de petróleo a baixo custo é em declínio

Existem razões muito fundadas para afirmar que a crise financiária - partida em 2007 em modo gradual e evoluída em 2008 para um verdadeiro e próprio redimensionamento da economia global - tenha origem em grande parte da incapacidade de extrair petróleo a custos suficientemente baixos, tais da sustentar o crescimento imposto pela economia de mercado.

A enésima crise e a consequente diminuição do consumo teve o efeito, sem dúvida temporário, de desacelerar o déficit de petróleo, obviamente às custas de um relativo empobrecimento de muitos países e das camadas mais desvantajadas de suas (e sempre crescentes) populações; a atual estabilização dos preços do barril acima de 80 dólares testemunha porém que os fundamentos desencadeados não foram modificados.

A relativa e modesta recuperação em curso não poderá que acentuar e aproximar o momento no qual a oferta de petróleo não vai mais fazer frente à demanda mínima suficiente a sustentar o crescimento necessário a um desenvolvimento harmônico e ao bem-estar difundido.

A propria Agência Internacional para a Energia (AIE) e o governo dos Estados Unidos publicaram pela primeira vez uma advertência que, se bem interpretada e seguida de ações adequadas, poderá ajudar pelo menos a atenuar os efeitos do próximo crash petrolífico.

A nossa associação se permite sugerir uma particular atenção não apenas ao evento previsto, mas também a sua colocação no tempo, que é extremamente próxima (em 2 ou 3 anos) e que de fato rende dificilmente proponíveis e praticáveis programas de reconverção a curto tempo do sistema energético e tecnológico.

A saída é no entanto lenta e longa e deve ser percorrida logo. E necessita de um forte empenho da parte de todos os níveis de governo e administrações relativas à produção de energia através de fontes renováveis, à economia e eficiência energética e ao transporte sustentável."
 
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